Biografia de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais
importantes poetas da língua portuguesa e figura central do Modernismo
português. Poeta lírico e nacionalista cultivou uma poesia voltada aos temas tradicionais
de Portugal e ao seu lirismo saudosista, que expressa reflexões sobre seu “eu
profundo”, suas inquietações, sua solidão e seu tédio.
Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo,
criou heterônimos, poetas com personalidades próprias que escreveram sua
poesia.
Infância e Juventude
Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa,
Portugal, no dia 13 de junho de 1888. Filho de Joaquim de Seabra Pessoa,
natural de Lisboa, e de Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos
Açores. Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade.
Seu padrasto era o comandante militar João Miguel
Rosa, que foi nomeado cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul.
Acompanhando a família Fernando Pessoa seguiu para a África do Sul, onde
recebeu educação inglesa no colégio de freiras e na Durban High School.
Carreira Literária
Em 1901, Fernando Pessoa escreveu seus primeiros
poemas, em inglês. Em 1902 a família voltou para Lisboa. Em 1903 Fernando
Pessoa retornou sozinho para a África do Sul e frequentou a Universidade de
Capetown (Cabo da Boa Esperança).
Pessoa regressou a Lisboa em 1905 e matriculou-se
na Faculdade de Letras, onde ingressou no curso de Filosofia. Em 1907
abandonou a faculdade.
Em 1912, Fernando Pessoa estreou como crítico
literário na revista “Águia” e como poeta em “A Renascença” (1914). A
partir de 1915 liderou o grupo mentor da revista “Orpheu”, entre eles,
Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal, Luís de Montalvor, Almada-Negreiros e o
brasileiro Ronald de Carvalho.
A revista foi a porta-voz dos ideais de renovação
futurista desejados pelo grupo, defendendo a liberdade de expressão, numa época
em que Portugal atravessava uma profunda instabilidade político-social da
primeira república. Nessa época, criou seus heterônimos principais.
A revista Orpheu teve vida curta, mas enquanto
durou, Fernando Pessoa publicou poemas que escandalizaram a sociedade
conservadora da época. Os poemas “Ode Triunfal” e “Opiário”, escritos por seu
heterônimo Álvaro de Campos, provocaram reações violentas levando
os “orfistas” a serem apontados, nas ruas, como loucos e insanos.
Heterônimos de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo.
Tendo sido "plural", como se definiu, criou personalidades próprias
para os vários poetas que conviveram nele.
Cada um tem sua biografia e traços diferentes de
personalidade. Os poetas não são pseudônimos e sim heterônimos,
isto é, indivíduos diferentes, cada qual com seu mundo próprio, representando o
que angustiava ou encantava seu autor:
Alberto Caeiro
Nasceu em Lisboa, em 16 de abril de 1889. Órfão de
pai e mãe, só teve instrução primária e viveu quase toda a vida no campo, sob a
proteção de uma tia. Poeta de contato com a natureza, extraindo dela os valores
ingênuos com os quais alimenta a alma.
Para Caeiro, “tudo é como é”, “tudo é assim como é
assim”, o poeta reduz tudo à objetividade, sem a mediação do pensamento. O
poema “O Guardador de Rebanhos” mostra a forma simples e natural de sentir e
dizer desse poeta. Alberto Caeiro morreu tuberculoso, 1915.
Ricardo Reis
Nasceu na cidade do Porto, Portugal, no dia 19 de
setembro de 1887. Teve formação em escola de jesuítas e estudou medicina.
Monarquista, exilou-se no Brasil, por não concordar com a Proclamação da
República Portuguesa.
Foi profundo admirador da cultura clássica, tendo
estudado latim, grego e mitologia. A obra de Reis é a ode clássica, cheia de
princípios aristocráticos.
Bernardo Soares
É um dos heterônimos que o próprio Fernando Pessoa
definiu como sendo um “semi-heterônimo”. É o autor do livro Desassossego.
Álvaro de Campos
Foi o mais importante heterônimo de Fernando
Pessoa, nasceu no extremo sul de Portugal, em Tavira, em 15 de outubro de
1890. É o poeta moderno, aquele que vive as ideologias do século XX. Estudou
Engenharia Naval, na Escócia, mas não podia suportar viver confinado em
escritórios.
De temperamento rebelde e agressivo, seus versos
reproduzem a revolta e o inconformismo, manifestados através de uma verdadeira
revolução poética. Escreveu “Ode Triunfal”, “Ode Marítima” e “Tabacaria”.
Segue uma estrofe de um dos mais importantes poemas
de Álvaro de Campos “Tabacaria”. O longo poema é exemplo marcante do
desalento que caracteriza o poeta:
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Fernando Pessoa Como Ele Mesmo
Mestre da poesia, Fernando Pessoa mostrou muito
pouco de seu talento em vida. Foi na época em que colaborava com a revista
“Presença” (1927), que sustentava a liberdade de expressão e apregoava a emoção
estética como o real objetivo do Movimento Modernista.
Além das representações poéticas dos heterônimos,
há os poemas de Fernando Pessoa, ele mesmo, como O Nada que é Tudo,
ou ainda, os famosos versos da Autopsicografia que enunciam o
mistério da criação poética que ele próprio sentiu:
Autopsicográfica
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Em 1934, Fernando Pessoa
candidatou-se ao prêmio de poesia do Secretariado Nacional de Informações de
Lisboa, com a obra “Mensagem” - seu único livro publicado em vida, obtendo
o segundo lugar. Em “Mensagem” (1934), o poeta faz uma réplica de Os Lusíadas a
partir de uma perspectiva nacionalista mística.
Atuando como um verdadeiro
"sebastianista", prega a volta do rei D. Sebastião – morto na África
em 1578 – para restaurar Portugal e o Quinto Império.
Fernando Pessoa faleceu em
Lisboa, Portugal, no dia 30 de novembro de 1935, vítima de cirrose hepática.
Obras Publicadas em Vida
· 35 Sonnets
· Antinous
· Inscriptions
· Mensagem, 1934
Obras Póstumas
· Poesias de Fernando
Pessoa, 1942
· Poesias de Álvaro
de Campos, 1944
· A Nova Poesia
Portuguesa, 1944
· Poesias de Alberto
Caeiro, 1946
· Odes de Ricardo
Reis, 1946
· Poemas Dramáticos,
1952
· Poesias Inéditas I
e II, 1955 e 1956
· Textos Filosóficos,
2 v, 1968
· Novas Poesias Inéditas,
1973
· Poemas Ingleses
Publicados por Fernando Pessoa, 1974
· Cartas de Amor de
Fernando Pessoa, 1978
· Sobre Portugal,
1979
· Textos de Crítica e
de Intervenção, 1980
· Carta de Fernando
Pessoa a João Gaspar Simões, 1982
· Cartas de Fernando
Pessoa a Armando Cortes Rodrigues, 1985
· Obra Poética de
Fernando Pessoa, 1986
· O Guardador de
Rebanhos de Alberto Caeiro, 1986
· Primeiro Fausto,
1986
Livros
· Livro do desassossego;
· Ficções do interlúdio: para além do outro oceano;
· O banqueiro anarquista;
· O marinheiro;
· Por ele mesmo.
Vida e Obra de Fenando Pessoa
Frases de
Fernando Pessoa
O filme Fernando Pessoa
Filme o Desassossego
(faixa Etária 18 anos )
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